sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sessão de Hemodiálise 406

Quando não se tem rins para fazer o trabalho de limpeza do seu organismo, as toxinas que deveriam ser eliminadas ficam presas, circulando pelo corpo, causando um terrível mal-estar, e o risco de algo muito mais sério acontecer.

Nos primeiros meses de diálise até que eu aguentava bem entre uma sessão e outra, mas, conforme o tratamento foi tendo continuidade, minha condição foi se agravando e hoje percebo que não há um período entre sessões, especialmente de sábado para terça (tempo mais longo que fico sem dialisar), que eu não passe intoxicado.

E quando se está intoxicado não há o que fazer para acabar com os sintomas, a não ser aguardar a próxima sessão de diálise. Também não há o que fazer para não ficar intoxicado, pois todo e qualquer alimento contribui para o acúmulo de toxinas no corpo. Posso e devo controlar o que bebo (aliás, a sede é outro drama que vivem os pacientes em hemodiálise), mas não posso deixar de comer, certo? Então, o corpo fica todo formigando, pesadíssimo, num estado de letargia. Não se consegue pensar com clareza, a visão escurece e a única coisa que se deseja é que a próxima sessão chegue logo para a máquina limpar o organismo e você deixar de ser um zumbi.

Devido à intoxicação, passei muito mal esse último fim de semana, assim como o anterior e vários dias entre as sessões antes disso. Sinto como se estivesse chegando no limite para uma catástrofe, da qual eu possa até sair vivo, mas que com certeza substituirá o Guilherme que eu era.

Já vi acontecer com muitas pessoas: a hemodiálise deteriora um ser humano, consome dolorosamente sua vida.

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