domingo, 16 de maio de 2010

Sessão de Hemodiálise 404

Qualquer pessoa pode doar um rim e livrar um paciente renal do tormento da hemodiálise. Não precisa ser parente (pai, mãe, irmãos, tios, primos, avós): para testar a compatibilidade, basta ter o mesmo tipo sanguíneo. Quando alguém se propõe a doar um rim a um familiar, amigo ou até a um mero conhecido, não só está livrando essa pessoa da diálise, como também diminuindo a longa fila e dando oportunidade a outros pacientes de fazer o transplante de cadáver mais rapidamente. Ou seja: é um bem que se faz não apenas a uma pessoa, mas a milhares!

Essa semana, fui à consulta com a nefrologista e, enquanto aguardava na sala de espera, vi algo que me deixou impressionado. Uma paciente de Tocantins, dentista de nome Andrea, alugou um apartamento perto do hospital em que estava se tratando em São Paulo, e uma moradora, chamada Romana, que a conhecera há tão pouco tempo, comovida com a sua história, ofereceu-se para doar um rim a ela. Fez o teste de compatibilidade, e Romana, praticamente uma estranha para Andrea, vai ser a doadora!

No consultório, ela estava tirando dúvidas com um homem de uns quarenta e poucos anos, de nome Cesar, que havia doado o rim para a filha há três meses. Cesar comentava com Romana como é fácil para o doador: 2 dias depois da cirurgia, ele já estava andando normalmente; 2 semanas depois, já estava de volta ao trabalho; 2 meses depois, já estava jogando futebol (“e olhe que futebol é um esporte de impacto!”, disse ele). Romana se empolgou, pois ela joga tênis, e percebeu, pelo relato de César, que poderia retornar ao tênis bem antes do que imaginava. “Supertranquilo... supertranquilo”, Cesar insistia.

Cesar, que pretendo entrevistar e reproduzir o resultado aqui, não cansava de repetir: o transplante não afeta de modo algum a saúde do doador. E, devo completar, também não diminui em nada a expectativa de vida do doador. Se esse tipo de cirurgia prejudicasse mesmo que minimamente os doadores, os médicos não transplantariam. Ao contrário, eles incentivam a doação de órgãos (pulmão, medula, parte do fígado, rim) de doadores vivos. No caso do rim, as vantagens da doação entre vivos são gritantes:

1) As chances de o transplante dar certo são maiores.
2) Geralmente, o órgão transplantado dura muitos anos mais do que o rim de cadáver.
3) Quando se tem definida a data da cirurgia, os preparativos e tratamentos preliminares necessários podem ser feitos com mais eficácia.
4) O tempo de espera na fila única (por Estado) é de anos. Muitas vezes o paciente morre na fila, aguardando um rim.
5) O paciente é libertado mais cedo de todo sofrimento e do risco de morte que estar em diálise acarreta, bem como da deterioração física certa e veloz.

Além de a doação não afetar de modo algum a saúde do doador, ainda causa um enorme bem psicológico a ele, por saber que aumentou a esperança de vida de outro ser humano e o salvou do sofrimento. César e Romana que o digam. Seus olhos brilhavam de orgulho e satisfação.

Há sempre alguém que tem um familiar ou um conhecido que está em tratamento de hemodiálise. Para se oferecer como doador, essa pessoa só precisa fazer um teste inicial para verificar a compatibilidade com o receptor. Sim, é uma cirurgia. Fácil, simples, rápida, sem risco. São alguns dias de recuperação para o doador e uma vida livre de sofrimento para o receptor.

2 comentários:

  1. Bacana cara!
    Estou lendo tudo que vc escreve e gostando muito. Mostra a realidade sem tentar faze-la parecer indolor ou inofensiva, algo que muitos percebem, mas ñ comentam.

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  2. meu namorado tem um rim que nao esta a trabalhar a anos vai ter que ser retirado e ele queria muito ser jogador de fotebol profissional,sera que ha essa hipotesse?um abraço...gostei...

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