quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sessão de Hemodiálise 448

Fala-se muito nos meios de comunicação sobre abuso infantil. Abuso, vale dizer, não é apenas sexual: violência física, psicológica ou verbal, humilhação, exploração de mão de obra infantil, negligência, abandono, tudo isso caracteriza abuso. As crianças são alvo fácil para esse tipo de coisa. O que dizer, então, de crianças doentes, frágeis, dependentes? Crianças com doenças crônicas, como a que eu fui, estão muito mais expostas por sua dependência e vulnerabilidade; as circunstâncias em que se encontram inseridas são um convite para os adultos “do mal”. Falo isso com a experiência de quem sofreu certo grau de abuso, por minha condição física: de meu padrasto me humilhando constantemente me mandando sair de perto – porque, segundo ele, eu “fedia a urina”, na época em que fui obrigado a usar uma sonda nas costas para drenar o rim que me restara – e borrifando os ambientes com uma latinha de spray do tipo Bom Ar depois que eu passava, a um enfermeiro tarado que me cantou quando tive de passar uma sonda no pênis na frente dele, quando estávamos a sós e eu era um adolescente franzino que passava por menos idade ainda do que realmente tinha.

No caso do meu padrasto, dou graças a Deus por ele não ser pedófilo, porque, se fosse, eu estaria perdido. Nessa época, morávamos juntos apenas eu, minha mãe e ele, sem minhas duas irmãs. Aliás, desde que nasci, morei em vários lugares diferentes, com uma combinação diferente de familiares. Em outro post, mais adiante, explicarei sobre essas diversas fases para ordenar um pouco a confusão. Mas, voltando ao meu padrasto, a ressalva de que ele não é pedófilo não o desculpa pelo comportamento covarde e desumano, presenciado, por exemplo, por meus amigos desde a infância, o Oscar e o Otávio.

Um comentário:

  1. Meu, desculpa falar, mas esse seu padrasto é um cuzão, pra dizer o mínimo. Nem perde tempo com ele, picota.

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