Há dois tipos de doadores: vivo ou cadáver.
No caso de doador cadáver:
Pacientes em hemodiálise cadastrados na fila de transplante devem esperar por um rim de doador cadáver. Nesse caso, o doador é uma pessoa que teve morte encefálica e cuja família autorizou a equipe médica a realizar a retirada de órgãos para transplante. Perdem-se muitos órgãos que poderiam ser usados para transplante e salvar pessoas da hemodiálise: a taxa de captação é de aproximadamente 10% apenas. É importante que as pessoas deixem claro em vida a seus familiares a intenção da doação após a morte. O tempo de espera na fila para o transplante é longo e muitas vezes o paciente não resiste – eu mesmo já estive em situação de alto risco de morte inúmeras vezes, com pressão alta rebelde em torno de 25 X 16, convulsões e cheguei inclusive a “morrer” durante uma das sessões de hd (vide post “Sessão de Hemodiálise 399”) –, pois depende da disponibilidade de um órgão compatível com o organismo do paciente que, não raramente, apresenta um complicador a mais: anticorpos específicos contra 60, 80, 90% da população em geral, o que reduz as chances de que apareça um doador cadáver compatível a praticamente zero. Assim, são vários os fatores que contribuem para as filas de espera de órgãos de doador cadáver cada vez maiores: captação de órgãos ínfima; famílias que não autorizam a doação do falecido, muitas vezes por falta de informação; redução de potenciais doadores cadáveres etc. É por isso que a maioria dos transplantes de rim no Brasil e no mundo é realizada com doadores vivos.
No caso de doador vivo:
Para se oferecer para doação, basta comunicar sua intenção ao receptor. Inicialmente, o potencial doador, que não precisa ser parente, deve seguir as mesmas regras do tipo sanguíneo para transfusão de sangue: o meu sangue é tipo O, então, eu só posso receber doação de quem tem também sangue tipo O; quem tem sangue do tipo A pode receber de quem tem sangue dos tipos A e O; sangue B pode receber de sangue B e O; e sangue AB pode receber de sangue A, B, AB e O. Os fatores Rh-positivo/negativo não influem nesse caso. Isso é o básico.
Caso doador e receptor possuam o mesmo tipo sanguíneo, o próximo passo é fazer um teste de Prova Cruzada, colhendo o sangue do doador e o do receptor, para averiguar o nível de compatibilidade entre os dois. Caso seja verificada a compatibilidade, o potencial doador terá seus rins avaliados por exames não invasivos (não dolorosos, portanto), como ultrassonografia e angioressonância, para checar qual deles será doado ao receptor – os nefrologistas selecionam para a doação o rim "menos bom" do doador, deixando o melhor com ele. Detalhe: todos os exames e o a cirurgia do transplante são bancados pelo Estado.
A seguir, são feitos os preparativos para o transplante renal. Doador e receptor são internados para a cirurgia. Dois dias depois, o doador sai do hospital, com alta – a recuperação do doador é bem rápida. O receptor permanece no hospital por mais alguns tempo, para se recuperar e fazer exames de acompanhamento, até estar em condições de levar uma vida normal, livre da hemodiálise.
As estatísticas mostram que, quando um paciente entra para a hemodiálise, a expectativa de vida que lhe resta é de menos de um quarto daquela da população saudável com a mesma idade.
Dados estatísticos, contudo, não são capazes de quantificar o sofrimento de quem está em diálise.
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